sábado, 23 de dezembro de 2017

Gin & Cachaça Tennessee Whiskey

Gim e cachaça envelhecida em barris de Tennesee Whiskey são as novidades da Microdestilaria Hof.
A destilaria de Serra Negra tem feito algumas experiências interessantes, como envelhecer gim em carvalho francês e cachaça em barris de uísque americano. Conheça melhor essas bebidas
Por Sergio Crusco (Dringue)

HOF MICROIDESTILARIA - GIN MINNA MARIE
Minna Marie London Dry Gin: presença marcante da erva doce

A Microdestilaria Hof, de Serra Negra (SP) transformou-se num pequeno laboratório de experiências sensoriais. A premiada cachaça Alma da Serra, nas versões branca e envelhecida em carvalho francês, já tinham companhia de bebidas como a aguardente de café Curato e os licores de Café Trigoni e Frigga (creme).

Este ano a família aumentou com a chegada, em agosto, do Minna Marie, um London Dry Gin com infusão de 15 botânicos. O zimbro, ingrediente regulamentar do gim, está obviamente presente. Mas o destaque vai para as ervas que têm aroma e sabor de chazinho da vovó: cidreira, capim limão, hortelã, botões florais, anis estrelado e sobretudo a erva doce.

Martin Braunholz, proprietário da Hof, vinha pensando em fazer seu gim havia dois anos e, nesse meio tempo, a onda avassaladora desse tipo de destilado lambeu o Brasil. Resolveu fazer diferente, portanto, e também chegou ao mercado com uma versão envelhecida do Minna Marie, que descansa por um mês em barricas de carvalho francês sem uso, ganhando alguma cor e, no aroma e no sabor, sutil nota de baunilha. O Minna Marie Barrel Aged é o primeiro gim brasileiro envelhecido em madeira. Mas isso está longe de ser novidade ou uma revolução, uma vez que o uso de madeiras para armazenar bebidas foi uma constante até meados do século 20.

HOF MICRODESTILARIA SITIO
Fechando 2017 com mais uma experiência diferentona, a Hof lança sua cachaça envelhecida em barris de carvalho americano usados anteriormente para o descanso de Tennessee Whiskey (sim, aquele famoso, do rótulo preto). Dringue esteve na chácara da destilaria há um ano, quando houve uma espécie de cerimônia de preenchimento dos barris (na verdade, uma oportunidade de conhecer os produtos da casa e dar uma recarregada nas energias com o ar das montanhas). E agora confere o resultado de um ano desse descanso.

HOF MICRODESTILARIA Tennessee
Alma da Serra Tennessee Whiskey Barrel: um ano em carvalho americano por onde passou o famoso whiskey.

O barril de whiskey, que passa por intenso processo de tosta antes de receber a bebida, emprestou à cachaça uma leve adstringência, acrescida das tais notas de baunilha que o carvalho sempre libera. Mas a suave picância da cachaça ainda está lá. “Os barris são usados para armazenar whiskey uma única vez e, portanto, a madeira ainda não está exaurida quando ele é descartado pela destilaria. Há uma tendência mundial de reutilização dessas madeiras para envelhecer outras bebidas. Pensamos: ‘Por que não nossa boa e honesta cachaça'”,  diz o sommelier Waldemar Sto, que presta consultoria à Hof.

Cerca de 1900 garrafas da Alma da Serra Tennessee Whiskey Barrel chegarão ao mercado, mas uma parcela deve ficar quietinha dentro do carvalho por mais quatro anos, gerando uma série especialíssima. Enquanto isso, outras experiências vão sendo feitas na Hof, como o envelhecimento por 5 anos em barris onde estiveram whiskys de Islay, ilha britânica conhecida por fazer algumas das bebidas de caráter mais defumado do planeta. Aguardemos.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

London Dry Gin "Minna Marie"


A expressão de um clássico: o tradicional London Dry Gin. Ousado, complexo e aromático, suave o suficiente para um Dry Martini, perfeito para o refrescante Gin Tônica.

O nosso gin nasceu do desejo de ver a elaboração desse clássico no Brasil, seguindo a nossa vocação para a produção artesanal, tradicional, com destilação em alambique de cobre tipo “pot still”.

Principais botânicos

Elaboramos uma receita exclusiva envolvendo quinze botânicos, inclusive nacionais, além das obrigatórias bagas de zimbro e sementes de coentro.

Uma combinação única


Para a combinação intrigante e complexa e para a obtenção dos sabores e aromas mais esperados dos botânicos, cada lote de nosso gin é meticulosamente trabalhado, com a utilização do método de produção individual em escala reduzida e intensivo em tempo: a infusão cuidadosa, a destilação em nosso alambique e o breve descanso em barricas de carvalho europeu.

Nosso gin

O resultado é o nosso gin artesanal de primeira linha, “premium small batch”, definido pela combinação de quinze botânicos com notas realçadas de zimbro, cítricos, seguidos por notas posteriores herbais e leve toque de madeira. Flagrante, saboroso e fresco.

Usos sugeridos


Nosso “London Dry Gin” forma uma base consistente para cocktails de gin, quer o clássico Dry Martini e Gin & Tônica, como para drinks inovadores.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Cachaçogastronomia: a arte de combinar Cachaças e Comidas

Grande quantidade de pratos preenche cardápios e livros de receitas da tradicional e, ao mesmo tempo, inovadora cozinha brasileira. Extensas também são as cartas de cachaças e catálogos à disposição dos apreciadores da mais brasileira das bebidas.

Embora o tema “Harmonização Cachaça e Comida” ainda seja praticamente desconhecido, “Cachacistas” (da cachaça) e Chefs têm obtido excelentes resultados com riquíssimas e inesquecíveis experiências “cachaçogastronômicas”.

É visível como, nos últimos cinco anos, o interesse pela apreciação da cachaça, na sua forma pura, vem crescendo entre os brasileiros e também no exterior. Tem sido cada vez mais comum se encontrar, em restaurantes, bares e cachaçarias, elaboradas cartas de cachaças que, além de apresentar uma variada oferta, dentre as cerca de 3.000 marcas ativas e disponíveis, ainda procura descrever os principais atributos de cada cachaça.

Por outro lado, a cozinha brasileira, que é o resultado de miscigenações das culturas indígena, africana e portuguesa, acrescidas, ao longo do tempo, de influências européias, latinas e asiáticas, vem apresentando constante inovação, sendo uma das mais ricas e apreciadas do mundo.

Diante desses dois universos, de elevada complexidade de cores, sabores e aromas, a tarefa de harmonizar Cachaça e Comida não é nada trivial. Embora se saiba que não há casamento perfeito, combinação única ou mesmo regras fixas, é importante observar as características de uma cachaça e os ingredientes de um prato, para que a comida enalteça as qualidades da bebida, que por sua vez deixa o prato mais saboroso.

O objetivo da “Cachaçogastronomia”, ou seja, da “Harmonização Cachaça-Comida”, não é estabelecer regras e diretrizes inflexíveis e cartesianas, mas sim definir alguns princípios de combinações de sabores e atributos para que sejam exploradas, ao máximo, as possibilidades de apreciação da bebida e das iguarias, potencializando os valores de cada um. No final, o que se busca é que o par Cachaça-Comida, por meio de equilíbrio, harmonia e realce, proporcione, antes de tudo, prazer. O equilíbrio refere-se ao peso da comida versus o corpo da bebida, a harmonia trata das sensações na comida versus as sensações na bebida e o realce está relacionado com a melhoria simultânea do gosto da comida e da bebida.

Antes de se estabelecer algumas regras, é importante notar que cada prato e cada cachaça se destaca por seus sabores básicos, seus componentes e suas texturas, que são percebidos e identificados pela língua, faringe e palato, e que a harmonização pode se dar pela semelhança de atributos, por contrastes ou ainda por certas afinidades tradicionais já consagradas.

As comidas são encontradas, na prática, sob a forma de produtos alimentícios. Devidamente preparados, eles formam pratos, que devem ser apetitosos, digeríveis, nutritivos e capazes de saciar a fome. Com relação ao seu peso, os pratos podem ser leves, de médio peso ou pesados. As sensações despertadas pelos pratos são o nível do sabor, a condimentação, a gordurosidade, a suculência e a untuosidade.

As cachaças, por sua vez, são uma solução de álcool etílico em água, contendo outras substâncias, como ácidos, ésteres, taninos e outros congêneres, que lhes dão cor, aroma, gostos e sensações táteis. Com relação ao peso, as cachaças podem ser leves, de bom corpo ou encorpadas. As sensações percebidas nas cachaças, que estão relacionadas com o processo produtivo, de envelhecimento e do serviço, são: a intensidade olfativa, a maciez, a calidez, a acidez, a adstringência e a temperatura.
Conhecendo-se portanto, de certa forma, os atributos da comida e da cachaça, pretende-se atingir uma situação de harmonia quando as estruturas se equilibram, as sensações se ajustam e os dois se realçam mutuamente: o prato enriquece a cachaça, cobrindo carências aromáticas e gustativas, e os atributos sensoriais da cachaça exaltam as qualidades da comida. Quando esta situação se concretiza, o prazer gustativo será máximo, caracterizando que o conjunto Cachaça-Comida está harmonizado.

Em meio de tantas variáveis, pode-se arriscar a estabelecer algumas poucas regras que garantam que a cachaça e a comida tenham as suas virtudes mutuamente realçadas. Antes porém de descrever as regras, é importante quebrar o paradigma de que a cachaça só deve ser tomada como aperitivo, para abrir o apetite: “a cachaça, apesar de ter teor alcoólico que varia de 38% a 48% Vol., pode acompanhar todo o curso de uma refeição, desde o aperitivo, passando pelas entradas, primeiro prato, prato principal e sobremesa, até o digestivo, com café ou chás”.

A primeira regra refere-se ao EQUILÍBRIO, ou seja, Peso da Comida versus Corpo da Bebida: uma comida leve pede uma cachaça leve, com baixo teor alcoólico, e uma comida pesada exige uma cachaça encorpada, de elevado teor alcoólico. O serviço será sempre do prato mais leve para o pesado e da cachaça mais leve para a mais encorpada.

A segunda regra trata da HARMONIA, ou seja, da afinidade das sensações: os níveis de sabor da comida harmonizam com a maciez e doçura da cachaça; comidas condimentadas requerem cachaças aromáticas; pratos gordurosos exigem cachaças mais ácidas; comidas suculentas pedem cachaças adstringentes, com perceptíveis notas de madeira; pratos untuosos requerem cachaças encorpadas.
A terceira regra refere-se ao REALCE, ou seja, às sinergias das sensações que respeitam combinações conceituais, clássicas, naturais, regionais, sazonais e experimentais. Vale a pena salientar que as harmonizações clássicas regionais, frutos de anos de experimentações, são combinações consagradas que não podem ser desprezadas.

Aplicando-se as regras acima descritas, pode-se estabelecer, para o curso de uma refeição completa, a seguinte sequência orientativa:


  • Aperitivos: Caldinhos, ostras ao limão, canapés de salmão e torresmo frito harmonizam com cachaça branca, leve, ligeiramente ácida e resfriada. Caipirinha ou batidas de frutas poderão ser servidas nessa fase da refeição.
  • Entradas: Saladas, vinagrete de frutos do mar, consomes e sopas combinam com cachaças brancas, de médio corpo e com média acidez, levemente resfriadas.
  • Primeiro prato: Peixe, camarão, lagostas, risotos, bacalhau e aves harmonizam com cachaças brancas mais encorpadas e de baixa acidez, servidas na temperatura ambiente.
  • Prato principal: Carnes vermelhas, caças de pena, caças de pêlo, assados, caldeiradas, cozido e feijoada combinam com cachaças envelhecidas, aromáticas, tânicas e de corpo leve, servidas na temperatura ambiente.
  • Sobremesas: Doces, bolos, tortas, sorvetes, salada de frutas, queijos e frutas harmonizam com cachaças envelhecidas, frutadas e de médio corpo, servidas na temperatura ambiente.
  • Digestivos: Café, chás e charutos combinam com cachaças encorpadas, envelhecidas pelo menos três anos em madeira que lhes confere fortes notas de especiarias e riqueza de aromas. Licores de cachaça poderão ser servidos.

Assim, servir cachaças adequadas em um cardápio faz parte da arte da mesa, não sendo algo meramente intuitivo. A técnica da harmonização consiste, portanto, no estabelecimento de uma sequência criteriosa, dentro de um processo dinâmico, em que cada dupla cachaça-comida é influenciada pela anterior e influencia a seguinte, de tal forma que estejam sempre em harmonia, para que, o ritual à mesa proporcione prazer infinito enquanto dure.

Saúde e bom apetite!

Autor: Jairo Martins da Silva - São Paulo, 09.01.2010

Turismo da Cachaça: 9 alambiques que você precisa conhecer

JOÃO ALMEIDA
Jornalista, Sommelier de Cachaça e bartender formado pelo Senac.
http://www.brasilnocopo.com.br/9-alambiques-para-voce-conhecer/

Que tal comprar uma boa Cachaça de alambique e de quebra, ainda guardar ótimas recordações de um lugar inesquecível? Ou ainda comprar uma ótima Cachaça artesanal e harmonizando com aquela iguaria que só tem naquele local? Deu água na boca, né? Durante muito tempo, nós do Brasil no Copo viajamos e provamos grandes Cachaças e agora é hora de compartilhar com todos uma pequena lista de 12 alambiques para visitar em 2017. São alambiques localizados em vários pontos do Brasil, desta forma, se você está em viagem de férias, então anote os endereços e divirta-se.

 1 – No caminho do sertão, o verde da Cachaça

Nossa primeira indicação fica a cerca de 80 km de Recife. A fazenda onde se produz a Sanhaçu, na cidade de Chã Grande, pode ser reconhecida como um pedaço de paraíso para a biodiversidade. Resultado do sonho de Moacir, o patriarca da família Barreto, que mesmo antes de se aposentar já sonhava em produzir Cachaça. O alambique, tocado pelos irmãos Elk, Oto e Max Barreto (que mesmo longe trabalha intensamente pelas Cachaças da família) é hoje um exemplo de como trabalho e dedicação são os principais ingredientes em qualquer receita de sucesso. Atualmente recebe mais de 200 pessoas por mês, entre estudantes e apreciadores de Cachaça, levados, principalmente pelas premiadíssimas Cachaças Sanhaçu, armazenadas em freijó e amburana. Veja a história e se apaixone!

Não saia de lá sem: provar uma boa Cachaça direto dos barris da Sanhaçu, batendo um papo agradável com uma das família cachaceira mais acolhedoras do país. Maestro do papo: Moaci e seus causos!

Outras informações: www.sanhacu.com.br

2 – um pedacinho da Itália numa taça de Cachaça

Assim poderia ser definido o alambique das famílias Remus e Bittinelli, que produz a Cachaça Velho Alambique, no município de Santa Tereza. com apenas dois mil habitantes, a cidade, que é patrimônio histórico e cultural é considerada hoje o segundo polo mais importante para a imigração italiana no Brasil. Para muitos estar em Santa Terezinha é uma forma de matar saudade da pátria mãe. Veja um pouquinho da história e se encante com o espetáculo oferecido pela natureza neste pedacinho da Serra do Taquari:

Não saia de lá sem: provar as iguarias envelhecidas nas madeiras Grápia e Angico, mais comuns de se encontrar no sul do pais!

Outras informações: www.velhoalambique-rs.com.br

3 – Uma Cachaça no meio do Parque Ecológico

Mais uma belíssima homenagem à biodiversidade brasileira pode ser vista, tocada e sentida durante uma visita ao alambique que produz a belíssima Vale Verde, na cidade de Betim a 42 km de Belo Horizonte. além de acompanhar de perto todo processo de fabricação da Cachaça (se estiver na época de produção, que vai de maio) o apreciador ainda poderá tomar contato com as verdadeiras iguarias guardadas nos barris de Carvalho Europeu do alambique.

Não saia de lá sem: visitar o Museu da Cachaça, com mais de 1500 rótulos, 80% deles de Cachaças mineiras.

Mais informações: www.cachacavaleverde.com.br

4 – Visite uma Cachaçaria e leve seu barril

Além de tomar uma bela Cachaça, ao visitar a Cachaçaria Melicana, em Bom Despacho, no centro-oeste mineiro, você ainda pode acompanhar o processo de produção da aguardente de melado Cana, que está entre uma das melhores do país. e se a pedida for a Cachaça, não deixe de provar a envelhecida em tonéis de Castanheira. Sim, envelhecida. Os barris com capacidade de 700 litros são lacrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o que garante a procedência e a qualidade sensorial da bebida.

Não saia de lá sem: visitar a central de venda de barris, feitos lá mesmo pelo proprietário do alambique. São tonéis que custam à partir de R$ 180,00 (três litros) nas madeiras Amburana e Castanheira. Que tal envelhecer sua própria Cachaça em casa?

Mais informações: www.cachacariamelicana.com.br

5 – No coração do Vale do Paraíba tem Cachaça da boa

E vale a visita. Mônica, bancária aposentada e César Carneiro, médico, juntaram as ideias empreendedoras e do encontro surgiu o alambique da Cachaça Única, em Salesópolis, no Vale do Rio Paraíba. A 120 km de São Paulo a visita é um encontro com o modo simples e com a boa culinária do interior paulista. Uma rápida volta pela cidade, é possível encontrar licores e geleias feitas a base de Cambuci. O cheiro de roça onde é produzida a Cachaça Única é outro atrativo para o visitante.

Não saia de lá sem: provar a comida caipira feita na própria fazenda para harmonizar com a Cachaça local.

Mais informações: www.tabernadocedro.com.br

6  – A arte de receber com a taça na mão

Na região cercada por estâncias turísticas, nem precisa procurar muito para encontrar a Fazenda Benedetti, onde se produz a Cachaça Flor da Montanha. A fazenda fica bem no km 138 da rodovia SP 360, que liga Amparo à Serra Negra. No local não há acomodações, opções encontradas com facilidade na cidade de Aparo. Os barris de Carvalho, bálsamo e Amendoim do Campo são um convite bem aceito pelos promotores do turismo receptivo. Na loja, uma pequena passagem dá acesso à central de envelhecimento do alambique. A Fazenda Benedetti foi grande fornecedora de café. Com a crise dos anos 1930, surgiu a cana-de-açúcar e a Cachaça. Nunca mais deixaram de produzir. Ainda bem!

Não saia de lá sem: harmonizar uma boa Cachaça tirada do barril com o café de grão arábica que eles produzem lá mesmo!

Mais informações: www.facebook/fazendabenedetti

7 – Um mito na beira do mar

Não é possível gostar de Cachaça e pelo menos uma vez na vida, não esticar até a cidade de Paraty, no litoral FLuminense e conhecer Maria Izabel. Produtora da Cachaça que leva o mesmo nome, a empresária oferece simplesmente um show de simpatia ao receber os turistas que aparecem às pencas para provar o que tem nos barris do alambique. Localizado bem na beira da Bahia de Paraty e com uma pequena plantação de cana-de-açúcar, o alambique é realmente uma atração. Com paciência, Maria Izabel, reúne todos numa mesa e explica cada Cachaça servida na sessão de degustação. O local também oferece uma infraestrutura de hospedagem, bom para acordar diante da Bahia de Paraty!

Não saia de lá sem: ela tem Cachaça em Carvalho, mas para mim, não dá pra sair de lá sem trazer uma envelhecida em tonéis de Jequitibá!

Mais informações: www.mariaizabel.com.br

8 – Pequena notável de Serra Negra

A região de Serra Negra, no interior de São Paulo, já é por si só um convite ao descanso, ao fim do estresse e tudo que é relacionado com o que há de melhor, tanto no ramo da recepção, quanto no ramo da culinária. E quando se pensa em uma Cachaça que tem o nome Alma da Serra, melhor ir conhecer. O dono da obra que começou a produzir licor usando a aguardente de cana-de-açúcar como base. Hoje mantém em uma micro destilaria que ocupa 170 metros quadrados (daí o nome micro), uma estrutura de onde saem verdadeiras iguarias. A microdestilaria redestila cachaças que já nascem boas e nas mãos dela conseguem ficar ainda melhor.

Não saia de lá sem: provar o Licor Trigoni, que leva em sua composição especiarias, casca de laranja, passas e grãs de café arábica. É como se ele estivesse te dizendo, vá, mas volte!

Mais informações: www.microdestilariahof.com.br

9 –  A Cachaça da Terra dos Sonhos!

Escravos que vieram da cidade Angolana de Cabilé emprestam o nome a esta Cachaça que é uma verdadeira iguaria da cidade de Piau a 285 km de Belo horizonte. A fazenda cheia de história é um convite a conhecer a fundo as origens de nossa Cachaça. Distribuída recentemente pelo Clube CN, o clube de assinantes da Cachaçaria Nacional, a Cachaça despertou a curiosidade de Rafael Araújo sócio-proprietário da empresa, que foi até o Alambique mostrar as belezas do local.

Não saia de lá sem: provar a Cachaça em Castanheira direto do barril, servida pelo mestre alambiqueiro Zé Eduardo! Será, com certeza, o ponto alto de sua visita!

Mais informações: www.cachacacabile.com.br

sábado, 14 de janeiro de 2017

E a cachaça acordou!

EdGarden of Delights O Jardim do Ed(en) e suas delícias

Falar sobre cachaça, até pouco tempo atrás, era um assunto volátil. Produto genuíno brasileiro, relegado a terceiro plano na coquetelaria, perdendo espaço até para outros destilados no preparo do drink que a eternizou, a caipirinha. A marvada vendida em escala industrial, só suportada se aliada a outros ingredientes, foi ao fundo do poço, mas voltou revigorada. Há pouco mais de dez anos, gringos aportaram no Brasil e mostraram que ela pode ser muito mais do que aquilo que os nossos até então desleixados grandes produtores entregavam no balcão. Com a mitificação dos produtores artesanais interioranos, em especial da região de Salinas (MG), percebeu-se que havia espaço para que a cachaça ocupasse seu posto como produto premium, da básica à envelhecida. E assim a revolução começou. O choque foi tão forte que os principais players se viram na obrigação de reposicionar os seus produtos para salvar sua imagem. Enquanto isso, os pequenos  já ganham prêmios internacionais. A cachaça acordou. Keep walking!

Não há dúvida de que foram os pequenos produtores os responsáveis por tirar a cachaça do ostracismo e do descrédito. Há um bom tempo, eles vêm colecionando prêmios, elevando a bebida a um patamar de maior respeito. Sejam mais antigas ou novas, o que as faz se diferenciar é a retidão dos métodos de processo, a limpeza e a garantia das condições de bom envelhecimento. Além disso, a manutenção dos métodos é fundamental para sua homogeneidade com o passar do tempo. Ao contrário de muitos alambiques que foram incensados no passado, mas não mantiveram seu padrão de qualidade, gerando a desconfiança do  consumidor, há aquelas cuja preocupação é produzir bem para vender sempre. A Ziegenhof, ou só Hof mesmo, é uma das grandes novidades do meio. Em 2010, o alemão Martin Braunholz, empresário alemão do ramo da metalurgia, e apaixonado pela bebida, começou a produzir licores, usando o álcool de cana como base. Ao preparar, sem grandes pretensões uma cachaça, foi incentivado a continuar sua produção, o que o levou a investir numa microdestilaria na região de Serra Negra. Já em 2014, sua cachaça descansada em carvalho americano, a Alma da Serra (R$ 141,00) ganhou medalha de ouro no Concours Mondial de Bruxelles, realizado no Brasil. Bidestilada e processada em alambique de cobre, tem pureza e leveza que ganha complexidade ao passar pela madeira. Braunholz continuou a produzir algumas delícias com base em cachaça, como o Licor Trigoni (R$ 122,90), que leva grãos de café arábica, casca de laranja, passas e especiarias, entre elas cardamomo. E também a Frigga (R$ 122,90), que leva café e leite condensado.

A Hof também tem a Alma da Serra nas versões carvalho europeu e sem passagem por madeira, purinha. Neste caso, ela compra a cachaça de algum produtor vizinho e a redestila - o que diminui o nível de cobre e de carbamato de etila. O segredo está aí, na destilação perfeita e na observação e separação da parte do "coração" da destilação, cerca de 80% do volume, que concentra o melhor do processo. Há produtores que não fazem isso, juntam tudo, o que vai refletir num produtor final de menos qualidade. Agora a Hof se prepara para um passo ainda mais ousado. Há poucos meses, Martin adquiriu de um tanoeiro cinco barricas de carvalho que acomodaram o whisky Jack Daniels - ela não fala o nome, diz que é Tennessee Whiskey, por uma questão ética. E, no mês de novembro, colocou cachaça neles para envelhecer. O produto ficará repousando até  2020, data que pretende coloca-la no mercado. Claro, que ainda sem preço definido. Como qualquer bebida, a cachaça está passando por um processo de premiumização. E, em caso de pequenas produções bem cuidadas, o resultado, além de único, tem um preço elevado. Serão apenas mil garrafas da cachaça envelhecida em barris de Jack Daniels. É um fetiche, ou não é?

Na mesma linha vem a Dom Tápparo, destilaria de São Jose do Rio Preto fundada em 1978, há tempos produz cachaças que são envelhecidas em barris de carvalho franceses e americanos, assim como os tradicionalmente usados, umburana e amendoim. Os preços dessas cachaças, no site, variam entre 16 e 78 reais. Mais recentemente, no entanto, o engenho lançou a Cabaré Extra Premium, envelhecida nada menos do que 15 anos. O nome é uma homenagem à dupla regional Leonardo e Eduardo Costa, músicos que lançaram, em 2014, um disco chamado Cabaré, com releituras de clássicos sertanejos. A cachaça não é uma releitura, mas segue a tendência de premiumizar a bebida envelhecendo-a na mais nobres das madeiras. Naturalmente, bebedores de whisky e brandies,que normalmente são envelhecidos em carvalho, passaram a colecionar a bebida. Seu preço segue a tendencia: cerca de 350 reais nas lojas e, atualmente, R$ 199,00 no site. Sua cor é de um dourado pálido e no nariz é suave. Na boca, segue a suavidade, com notas amendoadas. Para apreciadores de destilados mais conhecidos, ela deve agradar bastante.

Na outra ponta, bem mais poderosa, da produção, a Cachaça 51 se viu um maus lençóis quando sua marca perdeu credibilidade em função da qualidade menor de sua cachaça de linha. E deu, em novembro, um novo passo para o seu fortalecimento de imagem. Como uma das líderes do mercado, a Cia. Muller de Bebidas lançou o Projeto 51 Assinatura, que levou cinco bartenders, conhecidos da boêmia de São Paulo, a preparar, cada um três drinks tendo o rótulo como base. Na esteira do projeto, com curadoria de Cesar Adames, um vídeo veiculado no Canal GNT, conhecido por sua veia gastronômica. Hoje, a 51 tem produtos premium com preço na casa dos três dígitos, como a 51 Rara e a 51 Única, que custam cerca de 107 reais no mercado. Sua cachaça regular custa perto dos 15 reais, e hoje ela produz também para o mercado internacional, porém, sem adição de açúcar, como a brasileira. O resultado é um produto mais leve e mais adequado à coquetelaria - e com mais qualidade também. A 51 exportação tenta se aproximar da qualidade oferecida por cachaças como Leblon e Yaguara, que são praticamente neutras, como vodca, para facilitar a assimilação dos mais variados ingredientes. É um passo bem dado, a assunção do "mea culpa" que deveria ser seguida por todas as outras grandes marcas.

Conheça mais:
Hof - www.microdestilariahof.com.br
Cachaça Cabaré - www.domtapparo.com.br
Cachaça 51 - www.cachaca51.com.br
E a cachaça acordou!